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sábado, 20 de novembro de 2010

ECONOMIA

Licenciamento ambiental gera 4 mil empregos



As secretarias estaduais da Agricultura (Seagri) e do Meio Ambiente (Sema) acabam de assinar, em Vitória da Conquista, convênio com o Agropolo Mucugê/Ibicoara para a realização de ações que visam ao licenciamento ambiental de cerca de 200 mil hectares.
Após o estudo, será proposto um zoneamento econômico-ecológico e indicadas as culturas e tecnologias que podem ser aplicadas nas áreas zoneadas. O licenciamento ambiental atenderá a agricultores familiares e grandes empreendedores e num primeiro momento vai gerar mais de quatro mil empregos na Chapada Diamantina.
A assinatura do convênio acontece dentro da programação do projeto Seagri Itinerante, que está acontecendo em Vitória da Conquista, com a presença do governador Jaques Wagner e do secretário da Agricultura, Eduardo Salles.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

CULTURA

Circuito Cultural e a Chapada Diamantina: diversidade e tradição




Até o dia 27, o Circuito Cultural da Chapada Diamantina/CCCD – Ano 2 acontece nas cidades de Andaraí, Mucugê, Rio de Contas e Irecê, além do Vale do Capão


Os grupos desta edição são: O Drama do Vale do Capão (Palmeiras), os Repentistas/Emboladores do pandeiro de Iraquara que estiveram no ano passado e os novos participantes: Jadson do Acordeom e os Mascarados de Rio de Contas. O Circuito tem a curadoria e direção artística do diretor baiano Paulo Atto que possui um longo histórico de relação com as comunidades e os grupos artísticos do interior do estado.” A força destas manifestações está sobretudo na sua espontaneidade e nascem do contexto histórico e social da região” registra Atto.
Neste final de semana temos apresentações em Andaraí no Centro Cultural da Mangueiras, sábado, 20 em Mucugê no Centro Cultural e domingo, 21, em Irecê no Auditório do Colégio Modelo.Todas as apresentações são gratuitas.

O Circuito Cultural da Chapada Diamantina cria condições para a circulação das manifestações artístico-culturais da região valorizando e divulgando a cultura local, as manifestações populares, as tradições e a memória de cada comunidade. Uma das idéias centrais do projeto é além da divulgação do trabalho dos grupos a elaboração de material,gráfico,vídeo e fotográfico que é cedido aos grupos para que os mesmo possam ter um registro documental de suas produções e assim manter a memória do trabalho e das tradições da região.

A Chapada Diamantina é uma das regiões mais belas do país com características climáticas e geográficas ímpares e além do patrimônio natural possui uma histórica que remonta à colonização e aos ciclos do ouro e do diamante responsáveis pelo aparecimento de cidades como Rio de Contas e Mucugê. As cidades guardam o reflexo dessa história através de bens imóveis do patrimônio artístico e arquitetônico e de outro lado bens imateriais como manifestações culturais que foram transmitidas através de gerações que mantém os laços sociais dos grupos e reforçam a identidade e a diversidade cultural da região.

Nesta segunda edição do Circuito Cultural da Chapada Diamantina/CCCD estamos ampliando o projeto para cinco cidades, mantendo o Vale do Capão em Palmeiras, e incluindo as cidades de Andaraí, Mucugê, Rio de Contas e também levando-o a cidades da região fisiográfica denominada de Chapada Diamantina Setentrional, onde está localizado o município de Irecê.


quinta-feira, 11 de novembro de 2010

ROTEIROS DESLUMBRANTES


História e ecologia, jóias da Chapada


O coração da Bahia fica, geograficamente, na Chapada Diamantina. É nesta região serrana, de topografia diversificada, que nascem 90 por cento dos rios, inclusive os três maiores - exclusivamente baianos - que formam as principais bacias do Estado: a do Paraguaçu, do Jacuípe e do Rio de Contas. São milhares de quilômetros de águas cristalinas que brotam dos cumes, escorrem pelas serras em cachoeiras, deságuam em planaltos e planícies formando belíssimos poços e piscinas naturais. A beleza das águas é complementada por uma vegetação exuberante que mistura espécies cactáceas da caatinga com raros exemplares da flora serrana, especialmente bromélias, orquídeas e sempre-vivas.
Na Chapada estão os três pontos mais altos de todo o Estado: o Pico das Almas, com 1.958 metros de altitude, o do Itobira, com 1.970m, e o do Barbados, com 2.080m, que é o ponto culminante do Nordeste. Isto porque a geografia da região é um prolongamento do sistema orográfico do Espinhaço, de Minas Gerais, que divide, no sentido vertical, as águas do litoral e do rio São Francisco. Também é nesta região onde estão a cachoeira Glass ou da Fumaça, com seus 420 metros de queda livre e o fascinante poço Encantado que emociona tantos quantos o visitem. As atrações naturais são tantas que é possível escolher entre roteiros subterrâneos das grutas, das cachoeiras, caminhar por antigas trilhas de garimpeiros ou cavalgar entre vales como o do Pati em meio a comunidades esotéricas e alternativas. Com muita sorte é possível até, da serra do Capa Bode, em Mucugê, avistar no céu naves de extraterrestres, como já viram muitos habitantes da cidade.

O patrimônio histórico conta a saga do garimpo em cada beco e nos casarões seculares das cidades de Lençóis, Rio de Contas, Andaraí, Mucugê e no minúsculo distrito serrano de Xique-Xique do Igatu, “a cidade de pedras”. Estas cidades nasceram e floresceram com o Ciclo do Minério, a partir do século XVII, quando aconteceu a febre do ouro, dos diamantes e o sonho do enriquecimento rápido. Os distritos e povoados que compõem os municípios da Chapada Diamantina têm qualquer coisa envolvendo o fantástico, que fascina os visitantes.
Primeiros núcleos habitacionais da região, estes lugarejos quando não estão completamente desabitados, parecem estagnados no tempo e no espaço. Os moradores, a maioria velhos e crianças, contam histórias de coronéis perversos, tesouros escondidos, escravos sacrificados que no final viram fantasmas, assombrações ou coisa parecida. Entre as mais fantásticas está a “lenda do Pai Inácio” que foi transformada em roteiro para cinema.
Atração irresistível
As belezas cênicas da Chapada encantam os visitantes a tal ponto que muitos acabam ficando. Foi o caso do biólogo americano Roy Funch, que se naturalizou brasileiro e mora em Lençóis há mais de 20 anos. A paixão de Funch pela Chapada foi tamanha que em 1982 chegou a escrever um trabalho “Chapada Diamantina, uma reserva natural” em defesa da criação de um parque nacional, o que veio a acontecer três anos depois.
O Parque Nacional da Chapada Diamantina foi criado em 1985, por decreto federal, abrangendo uma área de 152 mil hectares da serra do Sincorá e arredores, entre os municípios de Lençóis, Palmeiras, Andaraí, incluindo o distrito de Igatu, e Mucugê.
Muitos ecologistas, técnicos do governo e representantes das comunidades da Chapada sugerem nova demarcação, uma vez que diversas áreas belíssimas que precisam de proteção estão fora do Parque como o morro do Pai Inácio, gruta da Pratinha, gruta Azul, poço Encantado e gruta da Lapa Doce, entre outras.

ROTEIROS DESLUMBRANTES


Muita aventura e deslumbramento

Para fazer turismo na Chapada Diamantina é necessário observar alguns pré-requisitos indispensáveis como ter resistência física, consciência ecológica no sentido de respeitar a natureza contribuindo para a preservação da fauna e da flora (nunca adquirir plantas ou animais silvestres nas estradas para desestimular a captura), contratar os serviços de um bom guia para os passeios ecológicos e, especialmente, não ter pressa, pois os caminhos da Chapada escondem atrações surpreendentes só reveladas a quem tem calma e disposição.
Uma viagem de turismo à Chapada Diamantina não pode durar menos que dez dias e, ainda assim, é muito pouco para a diversidade de opções. A partir de recentes pesquisas para levantamento do potencial turístico visando novos investimentos, a Bahiatursa criou o Circuito do Diamante, abrangendo os municípios de Lençóis, Andaraí, Mucugê e Palmeiras, e o Circuito do Ouro incluindo Rio de Contas, Abaíra, Jussiape e Piatã.
Até hoje não se tem a data precisa das descobertas diamantíferas na Bahia. Supõe-se que a primeira descoberta aconteceu entre 1817 e 1818, na serra do Gagau ou Bastião pelo capitão-mor Félix Ribeiro de Novaes, que guardou segredo devido às severas leis da coroa portuguesa em relação à exploração de diamantes. Os bandeirantes, exploradores, garimpeiros e outros aventureiros abriram caminho partindo de Minas Gerais e penetraram em território baiano. As primeiras jazidas surgiram no leito do rio Mucugê provocando uma corrida desenfreada, tornando a região o “paraíso dos garimpeiros” e terminando por delimitar a área da Chapada Diamantina.

ROTEIROS DESLUMBRANTES


Lençois, a capital do diamante


O ponto de partida para a maioria dos roteiros é a cidade de Lençois, principal pólo do Circuito do Diamante em termos de infraestrutura turística, distante 412 quilômetros de Salvador pelas BR-324 (109 Km até Feira de Santana), BR-116 (72Km até Paraguaçu) e BR-242 (219 Km até a entrada da cidade de Lençóis que fica 12 Km adiante). A cidade dispõe de cerca de mil leitos - incluindo duas pousadas duas estrelas - um camping, 20 casas de aluguel, 25 bares e restaurantes - comida caseira, natural, italiana, japonesa e pizzaria - dez lojas de artesanato, quatro agências de turismo e uma agência do Banco do Brasil.
A cidade se descortina em um dos contrafortes da serra do Sincorá e lembra um presépio. Totalmente tombada pelo patrimônio histórico e artístico nacional, Lençóis é considerada a capital do diamante e uma das maiores referências entre as cidades ligadas ao garimpo do diamante. O casario é testemunha dos tempos de opulência da aristocracia lençoiense e mantém ainda viva, na memória de garimpeiros quase centenários e descendentes de famílias tradicionais, os costumes de uma população que viveu da riqueza e prestígio vindo dos diamantes. Muitos ainda lembram de quando a esposa do coronel Horácio de Matos descia a ladeira para o mercado exibindo suas maravilhosas jóias.
Pedras da região
O traçado arquitetônico da cidade tem particularidades típicas da vida social e econômica local. É interessante andar pelas ruas de Lençóis e observar que o calçamento da cidade foi feito com a própria pedra da região. As construções térreas eram todas casas de comércio. Os casarões e sobrados eram de propriedade de famílias abastadas e sempre tinham um escritório na parte térrea. Para se ter uma idéia do que foi o comércio do diamante em Lençóis, basta visitar o sobrado onde funcionou o Consulado Francês. Na verdade, um entreposto comercial onde a aristocracia local negociava diretamente com a Europa. A residência da família Sá, que hoje abriga a prefeitura municipal, é um marco da opulência das famílias tradicionais.
O médico e escritor lençoiense Afrânio Peixoto nasceu no mesmo sobrado onde hoje funciona o Museu Afrânio Peixoto. Aí estão guardados vários pertences do escritor, inclusive originais dos romances e o fardão da Academia Brasileira de Letras. Outro monumento interessante é a ponte dos Arcos, que dá acesso à cidade, construída em 1864, absorvendo a mão-de-obra ociosa dos garimpos, decorrente da grande seca. Uma particularidade na construção foi a utilização de milhares de claras de ovos na argamassa. Contam que o mestre de obras, para garantir a solidez da ponte, teria dito que se alguma vez a correnteza do rio levasse a construção, ele voltaria a viver - o que não aconteceu até hoje. Outro monumento arquitetônico ligado aos garimpeiros é a igreja de Nosso Senhor dos Passos, padroeiro dos garimpeiros, construída no século XIX.

ROTEIROS DESLUMBRANTES


Cachoeiras e muitas maravilhas


Para fazer os passeios ecológicos o primeiro passo a ser dado logo na chegada a Lençóis é a contratação de um guia, recomendado pelo pessoal das pousadas. O primeiro roteiro, o das cachoeiras, pode ser feito em duas etapas: a primeira, uma caminhada de cerca de três quilômetros, abrange a Cachoeirinha, cachoeira da Primavera, poço Halley, Salão das Areias Coloridas e Serrano. A segunda, outra caminhada de 3,5 quilômetros, até o Ribeirão do Meio. Para esta e qualquer outra caminhada na Chapada é necessário calçar um bom tênis, vestir roupas leves, levar água e um lanche, de preferência frutas secas.
O conselho de Adilson é optar pelo percurso de ida mais íngreme, com maiores obstáculos na subida, para ter-se o conforto da caminhada mais fácil no retorno. A cachoeira da Primavera é o primeiro da série de espetáculos que a natureza oferece. Com cerca de seis metros de altura, formada pelo riacho Grisante, um afluente do rio Lençóis, a Primavera é uma cachoeira permanente, com água gelada e forte, ótima para massagear o corpo. O local para banho é completamente tomado por pedras. Para maior segurança, recomenda-se o banho sentado entre as pedras, por causa da força da água.
Em seguida, uma descida ao poço Halley ou poço Paraíso (nome original), formado pelo rio Lençóis e situado entre um canyon. O rio desce por sobre o leito pedregoso e se espalha para o largo, formando o poço com cerca de 3 metros de largura por 10 de comprimento e profundidade máxima de 2 metros. O local é excelente para banho e mergulho, inclusive para crianças. A água é gelada e de cor acobreada - como a maioria dos rios da chapada - por causa da grande quantidade de essência de material orgânico que a correnteza traz das nascentes. Tudo em volta é muito verde e transmite uma sensação reconfortante. Nova subida, desta vez mais suave, e chega-se aos Salões de Areias Coloridas, formados pela erosão de rochas graníticas e conglomerados de arenito, onde artesãos recolhem variados tons de areia para encher garrafas com diversos desenhos, oferecidas aos turistas como suvenir.

Banho reconfortante
A descida agora é mais suave em busca do leito do rio Lençóis para um banho reconfortante, desta vez no Serrano. O local, de antigo garimpo, é um belvedere natural, de onde se descortina a cidade e o vale do rio São José que, mais adiante, se junta ao primeiro para desaguar no Paraguaçu. O nome Serrano originou-se dos primeiros garimpeiros da área, vindos da região serrana de Minas Gerais. A queda d’água tem aproximadamente 15 metros de altura, dividida em várias quedas pequenas; a principal é conhecida como “sonrisal” porque cura qualquer ressaca. As rochas são de tonalidade rósea e incrustadas de seixos lembrando painéis em mosaico.
O Serrano fica a menos de um quilômetro de distância da cidade. Depois de uma pausa para um lanche rápido e um descanso, toma-se o rumo do Ribeirão do Meio, distante 3,5 quilômetros do centro de Lençóis. Este passeio pode ser feito a pé ou a cavalo. A cavalgada é a opção preferida também de turistas alemães, franceses e paulistas que invadem a Chapada durante o verão, como informou o vaqueiro Dazinho, 49, que aluga os animais. Depois de meia hora de cavalgada entre uma bela paisagem da mata, com direito ao perfume do alecrim do mato e o canto dos pássaros silvestres, chega-se ao rio Ribeirão. Um afluente do rio São José, que forma a escorregadeira do Ribeirão do Meio é uma diversão para crianças de todas as idades. O rio se espalha por um declive suave com 30 metros de extensão, onde as pessoas sentam e escorregam até um lago formado entre as pedras, cuja maior profundidade fica em torno de cinco metros. O local é próprio para piqueniques e já conta inclusive com pequenos pontos de apoio para venda de água mineral, cerveja e refrigerante.
Pegando uma outra trilha à direita, antes de chegar nas escorregadeiras, encontra-se a cachoeira do Sossego, que fica a exatamente oito quilômetros da cidade - seis de caminhada em trilha e dois através do leito do rio Ribeirão. O Sossego é formado por várias quedas, a mais alta com cerca de 14 metros. Uma outra cachoeira deste circuito é a do rio Mucugezinho, na margem direita de quem desce a BR-242, a 20 quilômetros de Lençóis. O rio corre em leito de pedras desalinhadas formando diversas cachoeiras e saltos, sendo o maior o poço do Diabo com um trampolim de 22 metros de altura e, em seguida um belíssimo canyon compõe o cenário . No final da tarde, de volta a Lençóis, uma deliciosa opção é almoçar uma galinha caipira ao molho pardo, especialidade do Neco’s Bar (rua Clarindo Pacheco nº15). É preciso encomendar com antecedência o almoço.

ROTEIROS DESLUMBRANTES


Grutas guardam muitos mistérios



Acordar cedo é um hábito indispensável para quem quer curtir a natureza. Além disso, para fazer o roteiro das grutas é preciso levar lanternas, roupa de banho e um agasalho pois este passeio termina com o por-do-sol no morro do Pai Inácio. O primeiro ponto a visitar é a gruta da Pratinha, no município de Iraquara, a 76 quilômetros de Lençóis, pela BR-242. O local dispõe de uma pequena infraestrutura de apoio com bar, restaurante e sanitários. Para visitar a gruta da Pratinha e a gruta Azul, que ficam em propriedade particular, paga-se uma taxa de manutenção.

Trata-se de uma gruta escavada pelo rio Pratinha, quando este deixa de ser subterrâneo e aflora na superfície. A gruta tem características das regiões calcáreas, possui um tom azulado e águas cristalinas que emprestam uma beleza especial. A cavidade da gruta chega a 80 metros e o leito é coberto por micro búzios, semelhantes à areia fina. Na boca da gruta há uma vegetação típica de caatinga, com palmas que descem até quase chegar à água. Fora da gruta é permitido o banho de rio, também de águas cristalinas, onde é costume mergulhar com óculos apropriados para ver a deslumbrante fauna e a flora subaquática.

A 150 metros adiante está a gruta Azul, também com um belíssimo visual. Esta gruta se comunica com a Pratinha por um canal de água subterrâneo e sem oxigênio, que só foi percorrido até hoje por uma equipe de profissionais da revista Caminhos da Terra. É uma aventura perigosa e não recomendada a leigos. A próxima gruta, nove quilômetros adiante, e em sentido contrário, é a Lapa Doce. Com aproximadamente três quilômetros de extensão, ela encanta por suas formações de estalactites e estalagmites.

Pertinho do céu

Depois de tantas descidas ao subsolo, no final do dia chega-se pertinho do céu, escalando os 400 metros de trilha que liga o fim do asfalto ao topo do morro do Pai Inácio. Do alto deste mirante natural tem-se uma visão de 360 graus da paisagem que se torna ainda mais encantada ao sol poente. O perfil das serras verde-azuladas se confunde com nuvens douradas, o vento é muito frio e completa a sensação de se estar no topo do mundo.

Ainda partindo de Lençóis, um outro passeio fascinante é até a cachoeira Glass ou da Fumaça, no vale do Capão, município de Palmeiras, a 68 Km de Lençóis. A estrada acaba no Capão e, daí por diante, o visitante segue a pé por uma trilha íngreme e pedregosa de aproximadamente 800 metros, na serra da Larguinha. À medida que se sobe, a paisagem se descortina para o vale do Riachinho, início de uma outra caminhada para o vale do Pati. Chegando ao topo da serra anda-se mais três quilômetros por uma trilha repleta de flores e riachos gelados.

Dependendo da época, o riacho da Larguinha, que forma a cachoeira Glass, tem mais ou menos água, o que provoca o efeito “fumaça” com a queda d’água a uma altura de 420 metros e 1490 metros de altitude. Mas, ao invés de descer, a água da cachoeira sobe, levada pelo vento, formando um espetáculo de cores e formas. A velocidade e força do vento é tanta que, para chegar até a ponta do penhasco, é preciso engatinhar. Outra maneira de chegar até esta cachoeira é por baixo, através de uma trilha de aproximadamente 27 Km, a partir de Lençóis. A caminhada dura três dias e os ecologicamente corretos acampam em tocas e abrigos dentro do canyon.

Vida noturna

Ao final de três dias de passeios ecológicos na Chapada, subindo e descendo serras, escorregando em cachoeiras, caminhando e cavalgando em trilhas, é fácil descobrir porque não há vida noturna em Lençóis: a única vontade que se tem, depois desta maratona, é de cair em uma boa cama. Antes disso, porém, quem se hospeda na Pousada de Lençóis, pode ouvir histórias hilárias dos acontecimentos da cidade durante a gravação da novela global “Pedra sobre pedra”, contados por Rebeca e Dionízio Martins, os proprietários da pousada. Esta é, sem dúvida, uma outra particularidade da Chapada Diamantina. A maioria das pousadas é de propriedade de casais super simpáticos que fazem os aventureiros sentirem-se em casa.

Os passeios na Chapada são infinitos e, a cada dia, surgem novas opções. As trilhas sugerem longas caminhadas tipo trekking, byke, cavalgadas e, mais recentemente, a moda é o off-road. A cavalo, há pelo menos seis tipos de roteiros, com duração que varia entre um e cinco dias. Entre os mais requisitados está a trilha para Andaraí, passando pelo Ribeirão de Baixo, rio e cachoeira da Capivara, rio Roncador, cachoeira do Garapa, num percurso total de 36 Km; cavalgada pelo rio Santo Antonio passando de barco pelos marimbus (espécie de mini pantanal); gruta do Lapão; e o mais procurado pelo turistas alemães: Lençóis, Andaraí, Vale do Pati e vale do Capão com duração média de cinco dias. Os cavalos podem ser alugados no Hotel Fazenda do Parque e os mesmos percursos podem ser feitos em veículos de tração do tipo off-road.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

POLÍCIA FEDERAL

Prefeitos baianos são presos em operação federal


Sete prefeitos e pelo menos outras 39 pessoas suspeitas de envolvimento em suposto esquema de desvio de verbas federais e fraudes em licitações foram presos pela Polícia Federal que deflagrou, na madrugada desta quarta-feira (10 de novembro) a Operação Carcará da Bahia.

Considerada a maior da história da PF na Bahia, a Operação Carcará contou com a participação de 450 policiais federais e o apoio da CGU (Controladoria-Geral da União) e do Ministério Público Federal. Até o final do dia, foram cumpridos 82 mandados de busca e apreensão e 46 mandados de prisão. Entre os suspeitos presos há ainda secretários municipais, servidores públicos e empresários.

Foram presos os prefeitos Ivanilton Oliveira (PSDB), de Cafarnaum, Everaldo Caldas (PP), de Elísio Medrado, Joyuson Santos (PSDB), de Utinga, Agnaldo Andrade (PT do B), de Santa Terezinha, Antonio Miranda Junior (PMDB), de Aratuípe, Marcos Araújo (PR), de Lençóis, e Raimunda dos Santos (PSDB), de Itatim.

As estimativas da CGU são de que o prejuízo aos cofres públicos chegue a R$ 60 milhões. A investigação teve início há mais de um ano, a partir de denúncias envolvendo a empresa Sustare Distribuidora de Alimentos Ltda, sediada em Itatim, e outras do mesmo grupo empresarial.

Como explicou o delegado Cristiano Sampaio, que coordenou a operação, os suspeitos fraudaram licitações com acertos entre as empresas envolvidas, usaram notas fiscais frias e superfaturaram produtos e serviços. Ainda há indícios de desvio de verbas federais que seriam usadas para a compra de merenda escolar, medicamentos e obras públicas em 20 municípios baianos. O inquérito, porém, ainda não foi concluído.

A investigação apontou Edison dos Santos Cruz, que comanda o grupo de empresas, como o mentor do suposto esquema. Ele, que está entre os presos, negou que tenha cometido qualquer irregularidade.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

POEMA

Desvairio de secA

Rosalvo Júnior, do livro Frente & Versos, 1985

Caladas
Fechadas
Trancadas
A sete, a muitas chaves
As nuvens em greve
A água aprisionada
Quebrando as tapagens
A terra se acabando
Mais uma estiagem
A procissão reclamando
As beatas
Coronéis
Crianças
Mulheres
Velhos
Prostitutas
Até os cegos, os mudos, os surdos
Os surdos-mudos
Vai todo mundo implorando
Uma mijadinha do céu

Faz tempo que não tem chuva
O tanque está na reserva
Faz tempo que não tem água
O banho não existe mais
Faz tempo que não existe mais
Faz tempo que não tem verde
Tá tudo seco
Torcido
Nem as lágrimas
Dos meus
Dos olhos de todo mundo

Seu Nino da Farmácia
São José
Isaura com seus cravos
Ferroando-lhe os pés
Joana Messias
Na gulodice das mangas
Laranjas, puças
Mangabas, potombas, araçás
Que não têm
Nem Thomé
E seu companheiro cigarro
Inseparável
Como o saxofone a Nivaldão
A Jani, o trombone calado
Nem Vilmar no conserto do carro
Espera mais chuva
Lalu desistiu do reisado
Catarina não faz mais bailado
Chica Laginha - a puta
De Deus e do diabo
Insiste e ensina a lição de trepar
As costelas das vacas
Vacas magras
Sedentas
Praga de faraó no sertão
As penas descoradas
Das juritis sem ânimo
Nambus, codornas
Desânimo
(Apenas uma ou outra acauã agourenta...)

Mais uma caba morre
Feste de urubus
Banquete posto à catinga
As galinhas (poucas restaram)
Fazem caretas para a panela
Lá de casa
Eu, à espera da asa
A parte preferida
Ração diária
Comida com farinha de mandioca
Raiz plantada no roçado
Do meu pai
Político acostumado
A perder nas urnas
A força
Mas valente
Montado na mula magra
Faminta, esguelada
Caindo das pernas
Mas altina
Sabe que carrega o corpo de um bravo

Ana doméstica arrancou
A raiz do umbuzeiro
Dançou
Dança de guerreiro tapuia
Índios da qual era a última descendente
Pura
Fez pirão e repartiu
Antes que a fome
Consumisse
E sumisse seus filhos
Debaixo de sete palmos de terra
Seca
Sedenta de sangue
Sangue nas nuvens fugidias
Exiladas num lugar qualquer
Sob a serra da Colônia
O velho açude baixava
Faltava-lhe uma transfusão

Os monturos
(Antes estivesse sujos do que rapados)
Carecas
Sem sujeira
Comidos nos almoços
(Mas estão limpos)
Não
A prefeitura não é tão eficiente assim não
O luxo sumiu dos monturos
Para refazer forças
Do povão franzino
Esquálido
Com fome

Que saudade que dá
Essa falta de lixo
Que vontade que dá
De se ver muito lixo
De saber que a fartura
Das melancias de Ana do Bode
Na feira
É quimera

Se espera que a mijadinha do céu
Em cima de nós
Eu tão criança ainda
Sem entender do riscado
Esperando por São Pedro
Mandar nem que seja um carro-pipa
Umzinho só
Pois não aguento
Na incompreensão que tenho
Na sezão, na palidez, na estupidez
Na timidez desses versos
Mas peço

‘Santa, santa, santa
Maria Madaleno
Pee ao senhor
Que nos dê chuva na terra
Chuva por esmola
O pão que nos consola
Que os anjos roguem a Deus
Santa Maria
Orai por nós’

A prece valeu
O formigueiro alvoroçou-se
Enfileiradas, as formigas
Filas brancas
Ovos dos filhos
Exílio
Saídas do chão
As formigas procuram lugar mais seguro
Livre de inundação
Anuncia a boa nova
Ou nova boa
Como queira
O formigueiro

Os rabos-de-galo
Não os tragos misturados
Mas as mnuvens
Enfileiradas
Os rabos-de-galo no céu
Desaparecem
O vento seco fica mais quente
Arranca o suor da gente
Leva água lá prá cima
De manhãzinha
A neblima acontece

Andorinhas fazem festa
Na praça esturricadas
Na igreja descorada
Nossa igreja de nossa
Nossa Senhora
De Brotas
De Brotas de Macaúbas

A chuva começou miudinha
À noitinha
Minha mãe tranca a porta da casa
Intima que eu não saia
Que fosse dormir
Que sonhasse
Que não a aporrinhasse

Mas a chuva tinha de ser comemorada
Ela não pode impedir-me a banhada
E um corpo menino amarelo
Marcado por costelas
Magreza de seca
Foi-se
Misturou-se com outros corpos
E muitos outros
Que atríam tantos
Como a luz aos besouros
Corpos enxaguados
Suados
Desesperados
Contentes agora
Despidos das roupas secas
Seca molhada
Não tem mais seca
Tem pingos dágua na pele
Que envolvem
Perdem o envolver
Para que um outro
Derrame sobre os costados
E limpe dos corpos dos pecados

A enxurrada carrega a sina
Dobra na esquina do finado Félix Rosa
E inunda o roçado de Zé Lauro
Ao pé do Boqieirão pingando
Lava os paralelepípedos
Encharca o chão
Faz os minadouros
Da casa de Zé Arcanjo
Outro finado
Vizinho de outro
Finado Miruzinho
Também Zé

Os minadouros esguiçam
Eu, nuelo
Cabelo
Peito
Pescoço
Braços
Pernas
Caroços balançando
O balé do falo molhado
Em festa
Umbigo molhado
Boca saciada
Pernas a correr
A testa suando chuva
Desde a casa de Maria de Saldanha
Até a de Mena
Na estrada do Olho d’água
Sem cessar, sem parar
A chuva me deixa pelado
Ao amanhecer
Quando o clarão
Mesmo com o sol das nuvens
Revela minha fuga
Às moças do Colégio da Barra
Santa Eufrásia
Onde Irmã Peregrina reinou
As meninas chegam contentes
Tento tapar com as mãos
Franzinas mãos
A nudez
Corro prá detrás de Zé Bidé
Outro Zé, molhado
Contente
Extasiado
Afiando a enxada
Vai ter plantação minha gente!

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

ELEIÇÕES 2010

Dilma eleita com 55 milhões de votos

O povo brasileiro, ou pelo menos 54,5% dos que votaram no último domingo (31) se expressaram pela continuidade do governo Lula e elegeu a primeira presidente do Brasil. Dilma Roussef, mineira de Belo Horizonte foi eleita com mais de 55 milhões de votos (56,05% do total), derrotando o paulista José Serra (PSDB), que obteve um pouco mais de 43 milhões de votos. À exceção do Sul, a candidata do PT venceu em todas as regiões do país com destaque para o Nordeste onde obteve 10 milhões de votos de vantagem sobre seu oponente.

Dilma Roussef será a primeira Presidenta do Brasil


Compromissos da Presidenta eleita

Na comemoração da vitória, Dilma fez o primeiro discurso onde listou algumas das suas prioridades, traçando metas para o seu governo que se inicia em 1º de janeiro de 2011. Honrar as mulheres, valorizar a democracia e erradicar a miséria estão entre os compromissos básicos da futura presidenta do Brasil.

Principais pontos da fala de Dilma:

Reforma política

“Nosso país precisa melhorar a conduta e a qualidade da política. Quero empenhar-me, junto com todos os partidos, por uma reforma política, que eleve os valores republicanos, avançando e fazendo avançar nossa jovem democracia.”

Combate a corrupção e transparência

“Valorizarei a transparência na administração pública, não haverá compromisso com o erro, o desvio e o mal feito. Serei rígida na defesa do interesse público em todos os níveis de meu governo. Os órgãos de controle e de fiscalização trabalharão com meu respaldo sem jamais perseguir adversários ou proteger amigos.”

Erradicação da miséria e mais empregos

“Reforço meu compromisso fundamental que mantive e reiterei ao longo da campanha: a erradicação da miséria e a criação de oportunidades para todos os brasileiros e para todas as brasileiras. Ressalto entretanto, que essa ambiciosa meta não será realizada apenas pela vontade do governo. Ela é importante. Mas, esta meta é um chamado à nação.”

Inflação e gastos públicos

“Cuidaremos de nossa economia com toda a responsabilidade. O povo brasileiro não aceita mais a inflação como solução irresponsável para eventuais desequilíbrios. O povo brasileiro não aceita que governos gastem acima do que seja sustentável. Por isso faremos todos os esforços pela melhoria da qualidade do gasto público, pela simplificação e atenuação da tributação e pela qualificação dos serviços públicos.”

Liberdades de imprensa e religiosa

“Eu vou zelar pela mais ampla e irrestrita liberdade de imprensa, vou zelar pela mais ampla liberdade religiosa e de culto. Vou zelar pela observação criteriosa e permanente dos direitos humanos tão claramente consagrados na nossa própria Constituição.”

Democracia e princípios

“Registro um compromisso com meu país: valorizar a democracia em toda a sua dimensão, desde o direito de opinião e expressão até os direitos essenciais básicos, da alimentação, do emprego, da renda, da moradia digna e da paz social.”

Mercado interno

“No curto prazo não contaremos com a pujança das economias desenvolvidas para impulsionar nosso crescimento. Por isso se tornam mais importantes nossas próprias políticas, nosso próprio mercado, nossa própria poupança e nossas próprias decisões econômicas."

Fim do protecionismo

“Eu estou longe de dizer com isso que pretendemos fechar o país ao mundo, muito ao contrário, continuaremos propugnando pela ampla abertura das relações comerciais, pelo fim do protecionismo dos países ricos, que impede as nações pobres de realizarem plenamente suas vocações; propugnando contra a guerra cambial que ocorre hoje no mundo.”

Investimentos sociais

“Recusamos as visões de ajuste que recaem sobre programas sociais, serviços essenciais à população e os necessários investimentos para o bem do país.”

Desenvolvimento

“Vamos buscar o desenvolvimento de longo prazo, a taxas elevadas social e ambientalmente sustentáveis. Para isso, zelaremos pela nossa poupança pública, zelaremos pela meritocracia no funcionalismo e pela excelência no serviço público.”

Pequeno empreendedor

“Valorizarei o microempreendedor individual, para formalizar milhões de negócios individuais ou familiares, ampliarei os limites do Supersimples e construirei modernos mecanismos de aperfeiçoamento econômico.”

Austeridade fiscal

“Mas, acima de tudo, quero reafirmar nosso compromisso com a estabilidade da economia e das regras econômicas, dos contratos firmados e das conquistas estabelecidas.”

Pré-Sal

“Trataremos os recursos provenientes de nossas riquezas naturais sempre com pensamento de longo prazo . Por isso, trabalharei no Congresso pela aprovação do Fundo Social do Pré-Sal, do marco regulatório do modelo de partilha do Pré-Sal.”

Educação, saúde e segurança pública

“Eu me comprometi nesta campanha com a qualificação da educação e dos serviços de saúde. Me comprometi com a melhoria da segurança pública, com o combate às drogas que infelicitam nossas famílias e comprometem nossas crianças e nossos jovens. Reafirmo aqui esses compromissos.”

Pessoas com deficiência e mais necessitados

“Disse na campanha que os mais necessitados, as crianças, os jovens, as pessoas com deficiência, o trabalhador desempregado, o idoso, teriam toda a minha atenção. Reafirmo aqui esse compromisso.”

Oposição

“Dirijo-me também aos partidos de oposição e aos setores da sociedade que não estiveram conosco nesta caminhada. Estendo minha mão a eles. De minha parte não haverá discriminação, privilégios ou compadrio. A partir da minha posse serei presidenta de todos os brasileiros e brasileiras, respeitando as diferenças de opinião, de crença e de opinião política.”